Editorial

UM ANO DE RUÍDO(S)

A Ruído Branco faz um ano de vida nesta edição.

Louvemos a São Caos!

Que revista é esta? Coisa difícil de responder. Mas precisamos tentar. Então, vamos fazer um balanço de fim de ano, tentando presentear nossos leitores com o Sentido desta balbúrdia chamada Ruído Branco (mesmo que, no final, o resultado seja mais confusão ainda, o que não deixa de ser bom). Façamos duas graves perguntas metafísicas:

Das Origens: revista goiana?

Não torça o nariz, caro internauta-de-lugar-nenhum. Nunca iremos reclamar para nós a glória de termos um dia sido a vanguarda de Goyaz ou os prometeus pós-modernistas da Província. Nem vamos querer ser homenageados na Academia Goiana (ou Brasileira) de Letras (cruz credo) ou pedir subsídios ao Governo para mais uma importante manifestação da cultura/pensamento goiano.  Não tem nada mais besta que um bando de caipiras querendo afirmar/reformar a cultura nativa.

Mas o fato é que a Ruído nasceu em Goiânia. Nasceu também do desejo de uns desconformes de dizer coisas fora da moda das mídias e do padrão me-ufano-do-meu-Goiás. Havíamos nós, jogados na província, havia a net, jogada no ar: juntamos os dois e deu nesta coisa Ruído Branco.

Mas não precisa ser goiano pra escrever ou ler a revista, e se ela continuar a viver ainda vai chegar o dia em que a maioria dos leitores e colunistas não serão goianos. Mas não somos cosmopolitas: não tem nada mais besta que um bando de caipiras querer ser civilizado. Aliás, os caipiras antigos nem casa tinham, eles moravam em choças de pau-a-pique. Quando enjoavam do lugar, faziam choça em outro canto. O melhor é ser netcaipira, primitivo-eletrônico, não ter casa, morar na net.

 

Da Identidade: que cara

tem a Ruído Branco? O diabo é que esta revista tem artistas (visuais, poetas, prosadores, músicos), psicanalistas, críticos, gente que joga nas duas, nas três, nas mil... E o pior é que os colunistas variam seus textos, o cara que é músico escreve, a que pinta faz crítica de arte, poetas narram, pensam. Além do mais não temos UM projeto ou UMA orientação de pensamento em comum, se brincar temos mais divergências que convergências... Aliás, temos uma coisa em comum: tentamos levar nossos neurônios (e os dos leitores) ao limite, fazendo textos, artes visuais e música.

É muito Ruído misturado. Da mistura de todas as cores sai o branco. Da mistura dos ruídos, a Ruído Branco: a unidade da revista são as multiplicidades. Seria tão inútil lançarmos um manifesto, a não ser um manifesto branco, só ruído, ilegível. Eis aí o nosso altissonante manifesto então: “      ”.

 

Perdas e ganhos

Desta edição em diante não teremos mais André de Leones (Mieloma de Ocasião) como colunista. Nem é preciso dizer que se trata de uma grande perda, mas sua saída se deu por conta de projetos próprios, de vida e de escrita. A Ruído perde, mas os leitores não, isto é o que importa. São Baco e Santo Orfeu o acompanhe!

Mas também ganhamos um novo colunista nesta edição: Reginaldo Mesquita, com a coluna ABCDEFRG, que estréia na Ruído com a música “Vigília”. Como vocês poderão ver-ouvir-ler, Reginaldo tem a (des)cara da Ruído Branco, é a variedade em pessoa. Um descaramento!

Temos ainda as contribuições de Aline Miklos & Ademir Luiz, com “A viúva performática”, texto sobre a arte de Yoko Ono, e o artigo de Paola Nunes sobre a obra do dramaturgo Henrik Ibsen.

No mais, caros internautas, deitem e rolem.



Wilton Cardoso

ruidobranco@ruidobranco.net